terça-feira, 12 de junho de 2012

Olá, pessoal do 9º C

Seguem as respostas aos exercícios que passei hoje.
6) a) meio; b) meio; c) meia; d) meio; e) meio; f) meia (sim, é meio-dia e meia [hora]);g) meio; h) meia
7) a) bastantes; b) bastante; c) obrigado; d) obrigada; e) mesma; f) mesmas; g) proibido; h) proibida; i) boa; j) bom; k) menos; l) anexos; m) anexa; n) anexas.

domingo, 10 de junho de 2012

Olá, pessoal
Segue matéria publicada no jornal "Agora" de 25/05/2012

"Para quem tem dificuldade em memorizar regras gramaticais, pode contar com uma ajuda extra: o rock da banda Sujeito Simples.
Dúvidas como crase, preposição, conjunção e advérbio viraram nomes de músicas que fazem parte de dois CDs que podem ser baixados gratuitamente no site oficial do grupo: www.sujeitosimples.com.br
Há ainda um material de apoio em PDF com letras das canções e as cifras, para que sejam tocadas no violão.
O grupo foi formado em 2007 pelo publicitário Marcelo Darcini (voz e guitarra), que, após gravar "Substantivo", foi em busca dos outros integrantes. Hoje, completam a banda a publicitária Jéssica Steil (baixo) e o arquiteto André Marés (bateria). (...)"

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A Última Crônica

Fernando Sabino

  A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um café
junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.
                                                                  
A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu disperso conteúdo humano, fruto da convivência,    que a faz mais digna de ser vivida. Visava ao circunstancial, ao
episódico. Nesta perseguição do acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma criança ou num acidente doméstico, torno-me simples espectador e perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança: "assim eu quereria o meu último poema". Não sou poeta e estou sem assunto. Lanço então um último olhar
fora de mim, onde vivem os assuntos que merecem uma crônica.
                                                                   
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de  sentar-se, numa das últimas mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acrescentar pela presença de uma negrinha
de seus três anos, laço na cabeça, toda arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidade ao redor. Três seres   esquivos que compõem em torno à mesa a instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que se preparam                  para algo mais que matar a fome.
   Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro      que discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás na cadeira, e aponta no balcão um
pedaço de bolo sob a redoma. A mãe limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados, a  assegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu
lado o garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão
apanha a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho -- um bolo
simples, amarelo-escuro, apenas uma pequena fatia
triang ular.

A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de Coca-Cola e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a comer? Vejo que os três, pai, mãe e
filha, obedecem em torno à mesa um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante, retira qualquer coisa. O  pai se mune de uma caixa de fósforos, e espera. A filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os
observa além de mim.
       São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta  caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a Coca-Cola,  o pai risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a menininha repousa o queixo no mármore e sopra
com força, apagando as chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada, cantando num balbucio, a que os pais se juntam, discretos: "parabéns pra você, parabéns pra você..." Depois a mãe recolhe as velas, torna a guardá-las na bolsa.
A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas mãos sôfregas   e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com ternura --  ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de     bolo que lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim,
satisfeito, como a se convencer intimamente do sucesso da
celebração. Dá comigo de súbito, a observá-lo, nossos olhos se
encontram, ele se perturba, constrangido -- vacila, ameaça
abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim se
abre num sorriso.

Assim eu quereria minha última crônica: que fosse pura
como esse sorriso.


Texto extraído do livro "A Companheira de Viagem", Editora
do Autor - Rio de Janeiro, 1965, pág. 174.